segunda-feira, 30 de julho de 2012

O Colecionador de pedras by L.A.

Havia acabado de completar 29 anos e de me separar.

Claro que estava deslocado com aquela solterice inesperada.

 Inesperada?

Não exatamente.

Nós já havíamos nos distanciado fazia bastante tempo e por mais que a iniciativa tenha sido dela, eu sabia exatamente o que estava acontecendo.

A questão principal era que eu havia namorado tempo de mais, me casado cedo de mais e estava com a sensação de que, ao chegar aos 30 anos, ainda não teria feito boa parte das coisas que queria (que deveria?).

Eu ainda não tinha ido a todas as festas, não tinha conhecido todas as pessoas, feito todas as viagens de galera, dançado todas as músicas, assistido a todos os filmes, navegado para todas as ilhas.  Eu ainda não havia me permitido fazer todas essas coisas.

Tudo bem, nem sabia direito por onde começar.  Afinal, andava sempre em casais, minha irmã e irmãos estavam casados ou namorando, meus melhores amigos também.

Precisava de uma turma nova, animada, SOLTEIRA!

Precisava também descobrir o que estava acontecendo de bom, quais as viagens interessantes, as baladas, as nights, as noitadas, os bares, os botecos. Quanta coisa por fazer e por descobrir!

Livre, sem compromisso, senhor do meu tempo e do meu destino. Foi assim que comecei minha coleção.

Com o passar do tempo, fiz muitas novas amizades. Mas para isso, tive que deixar as antigas um pouco de lado. Claro que eles entenderam; me entenderam. São meus amigos da vida toda.

Com o passar do tempo, conheci muitos novos lugares. Mas para isso tive que deixar os antigos um pouco de lado. Seria impossível estar em Angra dos Reis e em Paraty ao mesmo tempo; em Punta e no Rio de Janeiro; em Campos do Jordão e em Florianópolis.

Fui a muitas festas, bares, botecos, nights, baladas, noitadas, exatamente como eu desejava. E minha coleção só fazia aumentar.

Meu grande inimigo nessa jornada?
Ironicamente, o tempo.

Tempo esse que nunca parecia ser suficiente para que eu estivesse em todos os lugares, com todas as pessoas, desbravando um novo bairro, uma nova cidade, cultivando todas as minhas vontades.

Tempo esse que só fez passar sem que eu tivesse tempo de colocar em perspectiva tudo o que tinha e tudo o que tentava conquistar com minha nova e irrefreável liberdade.

Então, passada a ansiedade, feitas as descobertas, vividas as emoções, consegui apaziguar minha fome de colecionador.  Passado o tempo, tenho hoje a segurança de que matei minhas vontades; fiz o que queria fazer (o que tinha que fazer?).

Resta agora saber o que de fato valeu a pena.

6 comentários:

maridantas disse...

Muito bom amigo! Fico feliz de fazer parte de sua nova coleção!
SEMPRE vale a pena!

Daniela disse...

O tempo. Invicto oponente...
Resta-nos fazer valer a pena.

Pestaninha disse...

Tudo vale a pena quando a alma não é pequena, e a sua meu bem, é infinita!

Marília disse...

A Pestana roubou meu comentário... Já estava na ponta da da língua, quer dizer, dos dedos... hahaha
mas reforço:
tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Fato.
E o tempo pode virar amigo... difícil, mas pode. SE descobrir, me conte. rs

Tatu disse...

A leitura deste pestanices em encontros ao vivo na nossa velhice dira.....entre rugas e vinhos, tudo vai ter valido!!!

Pestaninha disse...

O Pestanices tá no meu Igoogle. Na minha home. Vejo ele todos os dias no canto direito da minha tela. Prometi voltar a escrever e hoje cliquei neste texto de novo. Derrubei uma lágrima. Vamos colecionando pedras que eu adoro e tenho encontrado algumas bem INCRÍVEIS ultimamente.