quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Vóóóóó!!! Vooooolta!!!

Dizem que avó é "Mãe com Açúcar". No meu caso, deveria ser: "Mãe com Whisky".
Cresci muito próxima à Dora, mãe da minha mãe e meu primeiro referencial de avó. Divorciada, chique, magra, inteligente e de personalidade bem particular. Essa perua-mór badalava, sassaricava, ia pra cima e pra baixo sempre no salto agulha (até na feira) e tomava Whisky Sour pela manhã. Felizes foram os momentos que ela dividia o drink comigo e com minha irmã, sempre com açúcar fazendo a borda do copo.
Seu cão, Gugu, sofria de "síndrome da perseguição ao rabo". O bicho corria atrás de si o tempo todo e coitado daquele que tentasse parar o surto, era mordida na certa! Ela jurava que aquilo era um Bichon Frisé, mas na verdade era um Viralatê mesmo.
Dorothy ao telefone era ouvida do outro lado da rua. Dora escutava a rádio Scala, ensinava às netas os nomes das músicas clássicas e dançava Frank Sinatra no corredor, de ponta a ponta...Strangers in the Night.
Ela fazia pirulito de calda de açúcar queimado, bolo de laranja e macarrão com salsicha. Que cozinheira de mão cheia!!! Tanto ela sabia que não dominava a arte de panelar que levava a gente pra comer na Mirella quando batia a fome...
Mesmo sendo macarrão com salsicha ela fazia questão de pôr a mesa como manda o figurino e exigia que comêssemos de acordo com as normas da etiqueta. Lembro-me bem dela falando que deveríamos agir o tempo todo como se estivéssemos sendo observadas... Fiquei meio neurótica na época achando que realmente tinha alguém me olhando.
"Galinha que pia e mulher que assobia, corta-se a gartanta." Nunca mais assobiei em público depois que ela disse isso, e realmente, pra quê assobiar? Só pra chamar cachorro...
A Dora usava jóias como se fossem bijuterias e deixava a gente brincar com elas, e também com os sapatos e maquiagens...
Queria ter passado mais tempo na sua compania. Queria que o Alzeiheimer tivesse chegado mais tarde e tivesse dado mais tempo pra gente.Tenho saudade daquela época e fico pensando como seria ter essa avó hoje que sou adulta. Certamente tomaríamos um porre juntas ao som do Blue Eyes.
Pensando bem, acho que Deus escreve o certo. Já herdei bastante coisa dela e guardo todas com muito carinho: Não assobio, sei andar de salto, comer à mesa como uma lady, beber whisky e colocar açúcar na borda de um drink.
XXXX

3 comentários:

Mari Rietmann disse...

Uma vez vc me disse que ela lembrava a Shirley McLaine. Desde entao nao posso ver um filme dela que penso: - Olha a vó da Jú!!!

Ela com certeza teria orgulho de nós. Da neta e das amigas elegantes que nao assobiam, VIU TATIANA??? Assobiar, só pra Biju.

Dani disse...

ai, nao assobio nunca mais.
nossa, q figura ela ein! AMEI

Marília disse...

posso falar??

....

pára de escrever esses posts assim nostálgicos/sentimentais/poéticos porque eu me emociono e fico com os zóio cheio d´água aqui no meio da redação! Falando de vó ainda é sacanagem! A minha era uma coisa fofa e modernex, prafrentex também, engraçadíssima!

VÓ com whisky, figuraçaaa, AMEI!
é, meu bem, são essas as heranças que ficam! AINDA BEM!

BEIJO